Mostrar a homossexualidade: os problemas?
Com certeza que já todo o homem homossexual se questionou se deve demonstrar carinho pelo parceiro num local público. Ser gay já deveria ser considerado tão natural ao ponto de não suscitar olhares acusadores, curiosos ou incomodados. Enquanto um casal heterossexual passeia na rua de mão dada ou troca um beijo na boca sem dar nas vistas, já um casal gay desperta várias emoções nas pessoas, que vão desde o simples espanto, aos olhares incomodados, a raiva, o desprezo, ou até os sorrisos que parecem insinuar aceitar a situação, mas que acabam por incomodar ou envergonhar os mais tímidos.
São inúmeras as situações. Vou deixar o meu namorado ao aeroporto, devo despedir-me dele com um beijo na boca? Poderei colocar uma fotografia do meu namorado no meu local de trabalho? Devo falar abertamente do meu namorado aos meus colegas de trabalho, família afastada ou amigos casuais?
Embora estas sejam questões cujas respostas surgem naturalmente para qualquer pessoa heterossexual, a comunidade gay ainda se sente confusa sobre o que é ou não correcto fazer, optando por frequentar locais como bares e discotecas gays onde se sentem à vontade para expressar intimidade, ou em manter as demonstrações de carinho entre quatro paredes. Mas a expressão de afecto simboliza a união entre duas pessoas e não devia ser objecto de vergonha. Com a legalização da união de casais do mesmo sexo, o preconceito tem tendência a diminuir e tudo indica que no futuro próximo não será de estranhar a troca de carícias por qualquer tipo de casal em locais públicos.
No entanto, também não é preciso forçar a troca de afecto. Até mesmo no caso dos casais heterossexuais, a expressão de sentimentos em público nem sempre acontece de forma espontânea. Pessoas mais tímidas tendem a retrair-se, a preferir a intimidade num lugar mais recatado, independentemente da preferência sexual.
Embora a contenção de emoções possa ser prejudicial tanto para a pessoa como para o casal, despertando sentimentos errados de culpa, é preciso que os dois estejam em sintonia e respeitem os desejos do outro. Nem todos os gays estão preparados para se destacar em público, optando por passar mais despercebidos. Isto não significa que gostem mais ou menos do parceiro nem tampouco significa que não estejam preparados para assumir a relação. Trata-se de um traço de personalidade que nada tem a ver com o facto de o companheiro ser um homem ou uma mulher.
Há ainda quem o faça não por desejo, amor, ou necessidade pessoal mas apenas por querer marcar um ponto na sociedade heteronormativa em que vive. O importante é que o casal se sinta à vontade, sem pressões para se exibir ou marcar uma posição. Felizmente que cada vez mais as demonstrações de carinho são frequentes pelas ruas de Lisboa o que faz com que a ideia se interiorize na cabeça das pessoas, sobretudo os mais novos que crescem numa sociedade em mudança.
