A gay lifestyle ou em português “estilo de vida gay” afinal existe ou não? Bom, vamos por partes. Ser gay ou lésbica não implica levar um estilo de vida diferente de um heterossexual. A ideia de que por exemplo os gays só procuram sexo e passam a maior parte do tempo em festas promiscuas e a trocar de parceiro sexual é tanto descabida como irracional. Assim como existem heterossexuais que levam um estilo de vida boémio ou promíscuo o mesmo é válido para qualquer heterossexual. Da mesma forma, nas relações amorosas, uns preferem relações fugazes, outros relacionamentos mais sérios.
Uns pretendem constituir família, outros são os eternos solteiros. Cada pessoa tem a sua própria personalidade e o modo de vida é apenas uma reflexão disso.
O que existem sim são espaços destinados à comunidade gay. Mas o facto destes existirem está muitas vezes intrinsecamente ligado à homofobia que ainda prevalece na nossa sociedade. Se existem hotéis “gay friendly” é porque há muitos que não o são. O mesmo é válido para bares, discotecas ou restaurantes. A constante discriminação levou à criação destes espaços mas hoje em dia eles são também um ponto de encontro, uma forma de conhecer gente nova, da mesma forma que um homem heterossexual vai um bar e tenta a sua sorte com as várias mulheres que lá estão. É sim verdade que poderão participar em festas temáticas ou frequentar espaços destinados a promover o convívio entre gays. Mas não é necessariamente um estilo de vida. Há gays que nunca visitaram uma discoteca gay ou participaram em qualquer evento destinado aos homossexuais.
O mito que existe uma forma de vestir gay também prevalece na sociedade. Como se um gay automaticamente nascesse com vontade de usar um lenço ao pescoço de cores vivas ou um chapéu. Claro que há gostos para tudo mas não existe necessariamente uma tendência. O que acontece é que tal como muitas mulheres e homens heterossexuais seguem estilos de moda semelhantes aos dos amigos que os rodeiam, o mesmo poderá acontecer entre amigos que partilhem os mesmos gostos, nomeadamente as preferências sexuais. Mas nada mais do que isso.
A ideia de que praticam passatempos diferentes também nada mais é do que um mito. Os homossexuais, tal como qualquer pessoa têm diversas ocupações, desde as consideradas mais “masculinas” como “femininas”. A própria definição de feminino e masculino é por si só errada já que vivemos numa era em que cada vez mais os gostos são pessoais e não relacionados ao género. Há homossexuais médicos, advogados, electricistas, professores , que gostam de futebol, de ir ao ginásio, de mecânica ou ballet.
O que é preciso é aceitar as pessoas como elas são e não fazer juízos de valor. Hoje em dia cada um é livre de se vestir como quer sem que isso tenha de ser um espelho da sua forma de pensar ou da preferência sexual. O mesmo é válido para os passatempos que ocupa ou o espaço que frequenta.